Muita gente olha para a Maçonaria e vê mistério, talvez até um certo receio. "O que será que eles fazem lá dentro?", "Quais segredos escondem?".
Se você está começando agora, ou se apenas sente uma curiosidade que não sabe bem de onde vem, é normal ter perguntas. Este espaço é para conversar sobre o que realmente significa entrar nessa antiga fraternidade, especialmente para quem está no primeiro degrau, o de Aprendiz.
Primeiro, é bom saber: a Maçonaria não é um passe de mágica. Não é um lugar onde você entra e sai transformado sem esforço. Pelo contrário, ela é uma escola. Uma escola diferente, que usa símbolos e histórias antigas para nos ensinar a olhar para dentro e a trabalhar em nós mesmos. É um caminho de aprendizado constante.
Por Que Alguém Busca a Maçonaria?
Muitas vezes, a gente nem sabe explicar direito porque se sente atraído. É como se fosse um chamado interior, um sentimento de que a vida comum, do jeito que está, não basta. Uma vontade de crescer, de entender melhor o mundo e a si mesmo, de encontrar um jeito de ser útil de verdade. Digo que esse desejo de saber, de ir fundo nos símbolos e no propósito da Ordem, é o que realmente importa. É isso que a Maçonaria busca: gente que quer aprender, que quer progredir, que não se contenta em ficar parado. Gente "livre e de bons costumes" – livre para pensar, livre de preconceitos bobos, e com vontade de viver de forma correta e honesta.
Sobre Construir a Si Mesmo
O que você pode esperar, então? Acima de tudo, espere trabalho. Mas não um trabalho chato ou sem sentido. O trabalho mais importante que existe: construir a si mesmo.
A Pedra BrutaImagine que você, ao chegar, é como uma pedra bruta, tirada da natureza. Tem valor, tem potencial, mas ainda tem partes ásperas, cantos irregulares. O trabalho do Aprendiz é justamente esse: pegar essa pedra (que é você mesmo!) e começar a lapidá-la. Tirar as "asperezas", que são nossos defeitos, nossos medos, nossos preconceitos, tudo aquilo que nos impede de sermos melhores. |
As Ferramentas Simbólicas
Como fazer isso? A Maçonaria oferece ferramentas simbólicas. Pense no Maço (ou martelo): ele representa a sua força de vontade, a energia que você precisa para agir, para quebrar o que está errado. Mas só força bruta não adianta, pode até quebrar a pedra. Por isso, tem o Cinzel: ele é a sua inteligência, o seu discernimento. É ele que direciona a força do maço, mostrando onde e como bater para tirar só o excesso, sem estragar o que é bom. E tem também o Esquadro: ele é a honestidade, a retidão. Com ele, você confere se o trabalho está ficando correto, se você está agindo de acordo com a moral, com a justiça, com o que é certo.
Esse trabalho não é para se tornar igual a outra pessoa, um modelo pronto. É para descobrir a sua própria forma ideal, a melhor versão de você mesmo que já existe aí dentro, esperando para ser revelada.
A Descoberta é Gradual
Essa lapidação não acontece do dia para a noite. É um processo.
A Luz Vem aos Poucos
A Maçonaria fala muito em buscar a "Luz". Essa Luz é o entendimento, a verdade, a sabedoria. Mas ela não vem de repente, como um interruptor.
Aprender a Ver o Essencial
Parte do processo é aprender a "se despojar dos metais". O que isso quer dizer? Deixar de lado a importância exagerada que damos às coisas externas: dinheiro, status, opiniões alheias, vaidades. Não é que essas coisas não sirvam para nada, mas elas não podem ser o centro da nossa vida. O verdadeiro valor está dentro, nos princípios, na honestidade, na busca pela verdade.
Você não faz essa caminhada sozinho. A Loja Maçônica é esse lugar especial onde irmãos se encontram para aprender juntos, para se apoiar. É onde a Fraternidade deixa de ser só uma palavra bonita e se torna uma prática: ouvir o outro, respeitar as diferenças de opinião (tolerância!), ajudar quando preciso, criar laços de confiança e amizade verdadeira.
O Compromisso do Aprendiz
Se você está começando, o mais importante é ter essa disposição de aprender, de se esforçar, de ser honesto consigo mesmo. O caminho é longo, talvez para a vida toda. A Maçonaria não pede perfeição, mas pede sinceridade no esforço. O "salário" que você recebe não é dinheiro, mas sim o crescimento interior, a paz de consciência, a alegria de se sentir parte de algo maior, de estar contribuindo, mesmo que modestamente, para construir um mundo e um "eu" melhores.
Alexandre Rosa ∴